Um episódio de seleção natural

Erechim, 28 de janeiro de 2013

      Acabo de acordar no meio da noite e presenciar a seleção natural acontecendo...
      Ao acender a luz do quarto, avistei dois mosquitos na parede que fica na cabeceira da cama. Então, me aproximei lentamente e os matei. Apaguei a luz e deitei. Após alguns segundos, o Gui levantou e saiu do quarto, deixando a luz acesa. Aí percebi que havia um terceiro mosquito. Esse estava mais afastado, escondido, por isso não o havia notado antes.
      E o que a seleção natural tem a ver com isso?
      Nesse caso, o comportamento dos dois primeiros mosquitos - de permanecerem próximos à comida, ou seja, eu - os levou à morte! Enquanto o comportamento do terceiro mosquito - de procurar um lugar mais afastado do alimento - garantiu sua sobrevivência. Quando me aproximei para matá-lo, ele conseguiu escapar e se escondeu.
      Depois do "episódio", perdi o sono, como de constume, e tive que sair da cama.
      Quando eu voltar espero encontrar o "Espertinho"!

Mais tarde...

      Ainda não consegui dormir...
      Estava pensando no Espertinho e se seu comportamento foi apenas coincidência ou se foi uma decisão consciente...
      Eu acredito que os animais pensam - claramente, algumas de suas atitudes mostram isso! As pessoas costumam chamar essas atitudes de "estinto", mas o que é esse estinto, senão um animal pensando no que vai fazer para sobreviver? O homem chamou de estinto porque quer se achar especial, quer ser o único animal que pensa... (Coisa da igreja, claro!)
      Um fato que prova isso é o próprio nome da nossa espécie: Homo sapiens. Mas só o homem é sábio? Não existe nenhum "Elephas sapiens" ou um "Pan sapiens", mas sabemos que elefantes e chimpanzés são animais muito inteligentes!
      Enfim, o homem tem que ser especial, afinal "foi criado a imagem e semelhança de Deus".
      Rá-rá!

Nota:

      O Espertinho sobreviveu! Não o encontrei em lugar algum... Dormi sem cobertas porque estava quente. E pra ele se alimentar, afinal, ele mereceu!

Manejo e o papel do biólogo

Erechim, 24 de janeiro de 2013

      É incrível como o manejo pode salvar espécies! Eu estava assistindo ao Discovery (de novo!) e um documentário mostrou que no norte dos Estados Unidos, a carpa asiática (introduzida pelo homem) se procria como uma peste, colocando em risco espécies nativas como o esturjão e o peixe-espátula, através da competição pelo alimento. Seria simples resolver o problema se cada pessoa dos EUA comesse uma carpa asiática por semana... Mas eles não fazem isso porque, claro, eles não acham tão saboroso quanto um McDonald ou um frango frito! Enfim, tiveram que encontrar outra maneira de tentar combater essa praga. Criaram no Mississipi uma competição de pesca, na qual quem pescava mais carpas asiáticas ganhava. E todas as carpas pescadas são destinadas à fabricação de ração para peixe. Depois, em outro documentário sobre pesca de caranguejos, eles deixam os jovens e as fêmeas voltarem para o mar, para garantir a continuidade da espécie!
      Acho que esse é o papel principal do biólogo: observar o que acontece na natureza, identificar os problemas e propor soluções. Ou seja, achar formas de consertar o que foi estragado pela humanidade e impedir que surjam novos estragos. Seria bom se o resto das pessoas colaborassem...
     

Relatório parcial - Iniciação Científica

Erechim, 16 de janeiro de 2013

       Definitivamente, eu não posso pensar em trabalho antes de dormir! O resultado é sempre o mesmo: perco o sono e tenho que levantar pra trabalhar! Agora, são 2:25 da madrugada e aqui estou eu! Pelo menos consegui terminar o relatório da bolsa de IC! Meu Deus! Todas as frases até agora terminaram com um ponto de exclamação! Enfim, até que o relatório ficou bom (considerando que eu fiz em uma noite!).
      Fiquei ansiosa para terminar essa pesquisa... Tem muita diferença entre o "grau de heteroquelia" (acho que eu que inventei isso) de A. platensis e A. singularis. Mas é muita diferença MESMO! Acho que eu tenho que me tratar, não é possível uma pessoa normal gostar de fazer isso! É melhor eu ir dormir (depois de revisar as referências, claro).

Sobre ilhas (Bornéu)

Erechim, 11 de janeiro de 2013

       Estava assistindo a um documentário sobre as criaturas estranhas de Bornéu, como um esquilo minúscilo, um bicho-pau de um metro (o maior inseto do mundo) e o macaco-narigudo. Realmente, ilhas são lugares maravilhosso para estudos evolutivos. Então fiquei pensando em alguma ilha próxima para eu fazer o mestrado...
      Lembrei de um poster que eu vi no SELCS, em Santa Maria. Era de um bolsista de IC, sobre a distribuição de Aegla em Santa Catarina. O orientador dele disse que encontraram registros de Aegla em uma ilha em SC. Seria o estudo perfeito! Coletar na ilha e no continente... É provável que tenha um processo de especiação ali, ou melhor, que ele já tenha sido concluído! Eu teria, nesse caso, que fazer o mestrado em Erechim ou em Santa Maria...
      Pensando no futuro, eu não preciso me deter em crustáceos... Posso trabalhar com morfometria e ilhas!
      Seria fantástico! :)

Iniciando o diário

Caxias do Sul, 01 de janeiro de 2013

      Estou cada vez mais inclinada a acreditar no "ócio criativo". Os últimos dias me levaram a ter a ideia de escrever um diário. Não como aqueles em que eu escrevia sobre pensamentos e paixões da adolescência, mas um diário para escrever sobre minhas reflexões a respeito da vida e da ciência...
      A cada dia que passa, a cada página que leio de "As cartas de Darwin" e "O bico do tentilhão", percebo que Darwin se torna cada vez mais uma figura em que desejo me espelhar. De forma alguma acredito que eu tenha a capacidade de formular uma teoria como a da origem das espécies. Longe disso, até porque a ciência atual é diferente. Na época de Darwin (e Linneaus antes dele), tenho a impressão de que a ciência era mais simples e pura. Haviam perguntas simples precisando de respostas... Hoje, parece que todas as perguntas simples já foram respondidas!
      Então, hoje inicio meu caminho na tentativa de percorrer os passos de Darwin ao iniciar este diário. Constantemente fico "devaneando" (se é que essa palavra existe!) a respeito dos meus trabalhos e pesquisas, e sobre a ciência como um todo. Porém, os pensamentos se perdem pelo esquecimento. O diário será uma forma de recordá-los e aprofundá-los.

      Espero ter sucesso nessa nova jornada :)