O sonho da carreira acadêmica

Quando eu concluí o Ensino Médio, eu queria ser musicista. Até cheguei a ganhar uma bolsa pra graduação em Música, mas como a procura pelo curso era baixa, acabou não formando turma. Então, lá na segunda opção estava Ciências Biológicas. Eu realmente não sabia se eu queria ser bióloga, e só escolhi licenciatura porque era à noite! Então, com bolsa integral, pude me dedicar exclusivamente ao curso. No segundo semestre fiquei sabendo que haviam vagas para trabalhar meio turno na Universidade. Nem sabia o que um bolsista de Iniciação Científica fazia, mas resolvi me inscrever! Foram dois anos trabalhando com Educação Ambiental, viajando pra congressos e seminários... Vivia sem dinheiro, porque o pouco que eu recebia acabava gastando em lanches na cantina da URI, em posteres e viagens pra esses eventos.

Em 2012 o prof. Rodrigo largou um "Topa trabalhar com Aegla?" e eu aceitei (achando que Aegla era um tipo de peixe - dãã). Aí foram mais dois anos trabalhando com esses caranguejos de água doce e morfometria geométrica (que parecia complicada no início, mas se tornou muito fácil com o tempo). 

Com o fim da graduação chegou o fim das bolsas de IC. Aí tive que arrumar um emprego e fiquei sem tempo pra estudar pra seleção do mestrado. Pra não fazer a prova sem ter estudado nada, li minhas anotações das aulas de Ecologia e dois capítulos sobre Ecologia em um livro de Ensino Médio. Mas como disse alguém (que eu já não lembro quem) depois da prova, o que contou mais na hora de responder às questões foi a bagagem que tínhamos, não o quanto tínhamos estudado. 

Hoje, quando li a lista de classificação da seleção do mestrado e vi meu nome em primeiro lugar comecei a tremer e a chorar. Pode ter parecido bobo pra quem me viu (eu estava no trabalho) desse jeito, mas não sei explicar. Todos esses acasos (de não ter fechado turma de música, de ter me inscrito pra IC sem saber o que era e ir trabalhar com Aegla - que no fim das contas não era o peixe que eu queria) acabaram me levando pra um caminho que me fez sonhar com a carreira acadêmica. Quando entrei pra faculdade, se você me perguntasse o que eu queria fazer da vida, eu diria "Ah, sei lá...". Agora digo que meu sonho é ser pesquisadora e professora. Não importa quando nem onde, mas este é o meu sonho. 

Então quando eu vi meu nome lá, percebi que estava um passo mais próxima do meu sonho. 



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